Missões e eleições
1. Estamos quase a iniciar outubro, que por decisão do Papa Francisco será vivido este ano como Mês Missionário Extraordinário, para celebrar o centenário da Carta Apostólica Maximum Illud de Bento XV, com a qual este quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho. Em Portugal, termina o Ano Missionário, proposto pelos nossos bispos através da Nota Pastoral Todos, Tudo e Sempre em Missão.
ro, que por decisão do Papa Francisco será vivido este ano como Mês Missionário Extraordinário, para celebrar o centenário da Carta Apostólica Maximum Illud de Bento XV, com a qual este quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho. Em Portugal, termina o Ano Missionário, proposto pelos nossos bispos através da Nota Pastoral Todos, Tudo e Sempre em Missão.
A 20 de outubro, Dia Mundial das Missões, realiza-se em Fátima a Peregrinação Missionária nacional presidida pelo Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente, Presidente da Conferência Episcopal. Também na tarde desse dia, em Cernache do Bonjardim, com a inauguração de um monumento a D. António Barroso, grande missionário em terras de África e Bispo do Porto, haverá uma homenagem à Missionação Portuguesa.
Tudo isto vem acentuar que viver e celebrar a missão é um dinamismo permanente da Igreja enquanto mistério, comunhão e missão. Ao dizer repetidas vezes «eu sou missão», «a Igreja é missão», somos «discípulos missionários» e não «discípulos e missionários», o Santo Padre quer acentuar a identidade cristã como missão.
A missão deve ser celebrada e rezada, refletida e meditada. Para a sua vivência não faltam subsídios já divulgados, como propostas de lectio divina baseadas nas leituras de cada dia de outubro, breves biografias de testemunhas da missão, reflexões, mensagens do Papa e documentos da Igreja sobre a missão. É deveras importante que vivamos este mês como autênticos discípulos missionários nas nossas vidas, famílias e comunidades. Com a especial intercessão da Senhora do Rosário, Rainha das Missões e Estrela da Evangelização!
2. Também em outubro há eleições legislativas. Através do voto nas urnas somos convidados a participar livre, consciente e responsavelmente na construção da sociedade; um direito e um dever de todo o cidadão com idade para votar.
Há meses atrás referi aqui a proposta dos nossos bispos, convidando-nos a ter em conta, no discernimento e na decisão do voto, a doutrina social da Igreja. Recordo o final dessa carta pastoral: “Com esta reflexão orientada pelos grandes princípios da doutrina social da Igreja, queremos contribuir para um melhor discernimento sobre as realidades do nosso País e da Europa, numa altura em que somos chamados a participar através do voto em eleições europeias e nacionais, visando a construção de uma sociedade mais justa e fraterna”.
A dignidade da pessoa humana, o bem comum, a solidariedade e a subsidiariedade são os quatro grandes princípios a considerar de modo concreto e que, na nossa ótica, devem estar espelhados nos vários projetos eleitorais apresentados aos cidadãos. Estes projetos cuidam a vida com plena dignidade, no seu todo e desde o início até ao seu fim natural? Como tratam os mais novos, as crianças, os jovens, os adultos? Cuidam os idosos com indiferença e abandono ou como bênção preciosa a conservar dignamente até ao fim das suas existências? Contrariam o aborto, a eutanásia e a ideologia do género ou são favoráveis a estes atentados à vida e à dignidade humana? Consideram a família como base da sociedade? Como cuidam da dignidade do trabalhador e da justiça social no trabalho? Respeitam os tempos de lazer e de descanso, incluindo o descanso dominical? Como olham as pessoas doentes e frágeis em casa, nos hospitais, nos lares e casas de repouso? Como propõem o acolhimento dos descartados e abandonados, dos migrantes e refugiados, que procuram apenas uma vida humana digna? Lutam contra qualquer forma de corrupção? Cuidam da nossa casa comum com respeito integral pela criação?
Que outubro seja vivida por todos nós, discípulos missionários de Jesus Cristo, em plena vivência missionária e em responsável participação cívica nas eleições, contribuindo ativamente para que a nossa sociedade seja mais justa, pacífica e fraterna.